Ao noroeste da Europa continental num pequeno povoado de Witmarsum na província de Friesland, nascia Menno Simons em 1496, quatro anos após o descobrimento da América, treze anos após o nascimento de Lutero e treze anos antes do de Calvino.
O pai chamava-se Simón e chamou seu filho de Menno; de acordo com o costume daquela época, ao menino chamavam Menno Simons (o filho de Simón). Bem cedo seus pais o consagraram a serviço da Igreja Católica, provavelmente ao Monastério Franciscano de Bolsward, onde se consagrou durante longos anos aos exercícios espirituais requeridos para um monge e ao curso de estudos teológicos, aprendeu muito bem a ler e escrever latim conheceu alguns manuscritos antigos especialmente os Pais da Igreja como Tertuliano, Cipriano e Eusébio, aprendeu também o grego, porém omitiu-se por completo a ler a Bíblia.
Sua ordenação para sacerdócio católico ocorreu em março de 1524, aos 28 anos de idade, provavelmente na cidade de Ultrecht que incluía toda a atual Holanda na sua jurisdição. Por sete anos (1524-31) foi designado a cura ajudante em Pingjum próximo ao seu povoado. Em 1531 foi transferido ao seu povoado onde oficiou como cura pároco até janeiro de 1536, quando declinou o seu serviço na Igreja Católica para unir-se ao pequeno grupo de devotos irmãos evangélicos sob direção de Obbe Philips, conhecidos pelo nome de Anabatistas ou Obbenitas.
O que levou Simons a romper com a Igreja Católica foi ver alguns pilares de sua fé em duvida, o dogma da transubstanciação a doutrina da miraculosa mudança do pão e do vinho no corpo e sangue do Senhor, possivelmente tenha entrado em contato com os ensinos de Martinho Lutero ou outros reformadores da época, o que levou a uma diligente investigação no Novo Testamento apesar de não significar um motivo para abandonar a autoridade da Igreja. Em 1531 Menno ouviu falar da execução em praça pública de Sicke Freerks em Leewarden por ter sido batizado novamente e isto lhe pareceu estranho porque Freerks era um homem piedoso e temente a Deus, apenas não acreditava que as Escrituras ensinavam que as crianças deviam ser batizadas.
Menno recorreu aos sacerdotes de Pingjum, os Pais da Igreja e aos reformadores para esclarecer sobre o batismo de crianças e chegou à conclusão de que todos estavam equivocados por não dar provas bíblicas e cada um seguia seu critério, outro fato importante foi em 1534 quando alguns da seita de Münster chegaram à sua cidade, “enganando muitas almas piedosas”, os enormes danos causados pelos “Münsteritas” afetou-o profundamente e decidiu entregar-se completamente para combatê-los, colocando toda sua energia na acusação pública que deles fazia seus sermões, logo conquistou a fama hábil para “calar muito bem a voz de seus inimigos”.
Com a Reforma Protestante do século XVI, os princípios bíblicos da justificação pela fé e do sacerdócio universal foram novamente colocados em foco. Contudo, enquanto Lutero, Calvino e Zwinglio mantiveram o batismo infantil e a vinculação da igreja ao Estado, os anabatistas liderados por Georg Blaurock, Conrado Grebel e Félix Manz ansiavam por uma reforma mais profunda.
Menno Simons foi um dos grandes líderes anabatistas e exercia grande influência sobre o grupo que seus adversários passaram a chamar os anabatistas de “menonitas”, porém ele não é o fundador da igreja Menonita que foi fundada em Zurique, Suíça em 1525 onze anos antes de Menno renunciar ao catolicismo. Porém existe uma razão histórica para a igreja ostentar este nome, pois afirmam que Simons foi o “guia enviado do céu que encaminhou os escassos e espalhados crentes, dando-lhes o exemplo que necessitavam em fé, espírito e doutrina”.
Em 1543 o Imperador declarou Menno Simons como fora da lei por seu trabalho de estabelecer e confortar as igrejas na Holanda. Deixou o país e deu um jeito de escapar. Em Fresenburg continuou trabalhando e escrevendo em defesa das crenças anabatistas e alguns de seus escritos chegaram às mãos das autoridades de vários países. Menno Simons morreu de morte natural em 1559.
GEORGE, Timothy. Tradução: DUDUS, Gerson. FONTANA, Valéria. Nenhum fundamento: Menno Simons. In:_____. Teologia dos Reformadores. São Paulo: Vida Nova, 1993. Cap. VI, p. 251-300.
ABARCA, Rodrigo. Os anabatistas e as raízes do evangelho (2ª parte). Disponível em: www.aguasvivas.ws. Acesso em:
BENDER, H.S. HORSCH, John. Menno Simons: sua vida e escritos. Disponível em: www.elcristianismo.com.
Um comentário:
Boa postagem, precisam explorar mais o contexto geral e o mais específico dos anabatistas!
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