quarta-feira, 20 de maio de 2009

A compreensão de Menno Simons sobre:

I) Deus

Menno acreditava e confessava com as sagradas escrituras que há um só Deus, criador do céu e da terra, do mar e de tudo o que contém; um Deus a quem o céu e o céu dos céus não podem conter cujo trono é o céu e a terra o escabelo de Seus pés. Deus de deuses e Senhor de senhores, que é sobre tudo, poderoso, santo, terrível, digno de louvor e admiração; fogo consumidor; cujo reino, poder, domínio, majestade e glória são eternos e durarão para sempre. E visto que é um Espírito tão grande, temível e invisível, também é inexplicável, inconcebível, indescritível.
Neste único, eterno, onipotente, inefável, invisível, inexprimível e indescritível Deus acreditava, e confessava com as Sagradas Escrituras ser o eterno, incompreensível Pai com o seu eterno incompreensível Filho e com o seu eterno incompreensível Espírito Santo. Confessava que o Pai é verdadeiro Pai, o Filho verdadeiro Filho e o Espírito Santo verdadeiro Espírito Santo, não carnal e compreensível, mas espiritual e incompreensível, pois Cristo disse: Deus é Espírito. João disse: “Três são os que testificam no céu: o Pai, a Palavra, e o Espírito Santo; e estes três são um. como esta registrado em Mateus 28:19;Marcos 1:8; Lucas 3:8; João 14:16;15:26; 1ªCoríntios12:11. E ainda que são três, são um em divindade,vontade, poder e operação, e não podem ser separados um do outro, como sol, luz e calor; pois um não existe sem o outro.
E afirmava aos irmãos, que preferia morrer do que crer ou ensinar aos seus irmãos uma simples palavra concernente ao Pai, ao Filho ou ao Espírito Santo em desacordo com o expresso testemunho da Palavra de Deus, que tem sido tão claramente dado pela boca dos profetas, evangelistas e apóstolos.


II) Jesus Cristo

Menno sustentava a doutrina distintiva da encarnação, explicava a encarnação sob o aspecto do Cristo divino atravessando o ventre de Maria como um raio de sol atravessa um vidro, sem tomar a si a carne pecaminosa. Ele não admitia que Cristo tomou a natureza humana de Maria, pois teria sido contaminado pelo pecado adâmico, que é comum a todos os seus descendentes.
Haviam duas explicações na época para o Cristo: a primeira elevava a Maria à posição de uma deusa divina e a segunda dividia Cristo em duas partes, destruindo a unidade de sua pessoa, Menno procurou resolver o problema apontando para a origem celestial do inteiro ser de Cristo: “O Cristo Jesus inteiro, Deus e homem, homem e Deus, tem sua origem nos céus, e não na terra”. Ele tentou definir o processo de encarnação com locuções prepositivas, dizia que Jesus Cristo foi concedido em Maria por meio do Espírito Santo, mas nasceu a partir de Maria, não de Maria.
Ele acreditava e confessava que Jesus Cristo é o primeiro e Unigênito Filho de Deus, o verbo eterno e incompreensível, pelo qual todas as coisas foram criadas; o primogênito de toda criatura. Ensinava aos irmãos que a sabedoria, poder, luz, verdade, vida, o verbo Cristo Jesus, tem sido desde a eternidade com o Pai no Pai, visto que Ele é o Alfa e o Ômega. Do contrário, teria que se confessar que este unigênito, incompreensível Ser verdadeiramente divino, Cristo Jesus, que os Pais da Igreja chamam de pessoa, pelo qual o Pai Eterno fez todas as coisas, teve um princípio como toda criatura; idéia que todos os cristãos, consideram como blasfêmia, maldição terrível e abominação.


III) Espírito Santo

Menno Simons entendia que o Espírito Santo é um Espírito Santo Pessoal, real ou verdadeiro, no sentido divino, assim como o Pai é verdadeiro Pai e o Filho verdadeiro Filho; cujo Espírito Santo é (em sua natureza) incompreensível, indescritível e inexprimível, como testemunha-se a respeito do Pai e do Filho. É divino em Seus atributos, procede do Pai por meio do Filho, ainda que sempre permaneça com Deus e em Deus, e que nunca está separado em Sua natureza do Pai e do Filho.
Declara ser o Espírito Santo que guia a toda verdade, que purifica, limpa, santifica, consola, reprova, anima e assegura dando testemunho que se é filho de Deus.


IV) Bíblia

Menno considerava a autoridade da Bíblia acima de qualquer autoridade humana, ensinava aos cristãos a não dependerem de teologias que se contradizem entre si. Ele comparou as Escrituras a uma semente espiritual de onde a nova vida brota. Fazia distinção entre lei e evangelho para mostrar as várias maneiras em que a semente da palavra produz a regeneração, dizia: “Eis que, meus dignos irmãos, comparados às doutrinas, aos sacramentos e à vida que acabamos de examinar, os decretos imperiais, as bulas papais, os concílios dos eruditos, as praticas tradicionais, a filosofia humana, Orígenes, Agostinho, Lutero, Bucer, o aprisionamento, a exclusão ou o assassinato nada significam; pois é a eterna, imperecível Palavra de Deus, repito, é a eterna Palavra de Deus, e assim permanecerá para sempre”


V) Homem

Menno afirmava que o homem era pecador por natureza e devia morrer quanto a sua antiga vida através do arrependimento e não viver mais de acordo com as concupiscências da carne. Para ele o homem somente tinha um valor para Deus por meio da pregação da santa palavra que poderia transformá-lo e regenerá-lo, somente a palavra e fé em Cristo destroem toda a maldade, vaidade, ambição pecaminosa e egoísmo e os tornava crianças.
Dizia: "Eu acreditava que era cristão, mas quando me examinei cuidadosamente,
comprovei que era completamente mundano, carnal e sem a Tua Palavra; então aprendi a conhecer, assim como Paulo, a minha cegueira, nudez, imundice, natureza depravada, e que nada de bom residia na minha carne."


VI) Pecado e Salvação

Menno afirmava que assim como Adão e Eva foram contaminados e envenenados pela serpente infernal e se tornaram pecadores por natureza e ficou sujeitos a eterna perdição, todos nós, seus descendentes, somos por natureza pecadores de nascimento, envenenados pela serpente, inclinados ao mal e por nossa própria natureza inerente somos filhos do inferno. Mas que chegado a idade do discernimento aceitarmos a Cristo com uma fé real, olhando para cruz assim como os israelitas olhavam para a serpente de bronze no deserto, seria salvo.
Ele separava em dois, a saber, o pecado o original –mãe- e o pecado atual -os frutos-, afirmava que não haveria perdão e nem salvação, se não se arrependessem como ensinam as Escrituras. Para ele a salvação se dava somente através de Jesus Cristo.


VII) Igreja, Estado e Política

O conceito de Menno sobre a igreja era uma como comunidade sem mancha ou ruga, banqueteando-se na comunhão com o “maná” celeste que Jesus identificou com seu corpo, também esta relacionado ao milagre da encarnação.
Para Simons a igreja de Cristo era composta pelos eleitos de Deus, os santos e amados, que lavavam suas roupas no sangue do Cordeiro, que eram nascidos de Deus e guiados pelo Espírito de Cristo.
Menno e os anabatistas negavam a legitimidade do corpus christianum, pelo qual a igreja e a sociedade formavam uma unidade orgânica, sendo a religião envolvida pelo poder coercivo do Estado.
Afirmava que em toda a sua vida em leitura das Escrituras apostólicas jamais ouviu Cristo ou os apóstolos recorrer ao poder dos magistrados contra os que não queriam escutar sua doutrina ou obedecer a seus ensinos. Para ele a fé não poderia ser imposta a ninguém por meio de autoridades ou pela força.
Afirmou em um de seus escritos “Governantes e juízes amados, se aceitardes de todo o coração as citadas Escrituras e com toda atenção meditardes nelas, observareis que a vossa função não é exclusivamente vossa, mas que é o serviço e função de Deus, e que corresponde a vós, humilhar-se diante da sua majestade, respeitar o seu grande e adorável nome, e desempenhar eqüitativa e honestamente as vossas funções... não deveria julgar nem castigar com o vosso aço o que é reservado somente ao juízo do Altíssimo, a saber, a fé e o que é concernente a ela, como também Lutero e outros sustentaram no princípio de sua obra, mas depois de ter conseguido uma posição exaltada, o esqueceram.”



Bibliografia


GEORGE, Timothy. Tradução: DUDUS, Gerson. FONTANA, Valéria. Nenhum fundamento: Menno Simons. In:_____. Teologia dos Reformadores. São Paulo: Vida Nova, 1993. Cap. VI, p. 251-300.

BENDER, H.S. HORSCH, John. Menno Simons: sua vida e escritos. Disponível em: www.elcristianismo.com. Acesso em: 03 março. 2009.


terça-feira, 7 de abril de 2009

Conhecendo um pouco sobre Menno Simons

Ao noroeste da Europa continental num pequeno povoado de Witmarsum na província de Friesland, nascia Menno Simons em 1496, quatro anos após o descobrimento da América, treze anos após o nascimento de Lutero e treze anos antes do de Calvino.


O pai chamava-se Simón e chamou seu filho de Menno; de acordo com o costume daquela época, ao menino chamavam Menno Simons (o filho de Simón). Bem cedo seus pais o consagraram a serviço da Igreja Católica, provavelmente ao Monastério Franciscano de Bolsward, onde se consagrou durante longos anos aos exercícios espirituais requeridos para um monge e ao curso de estudos teológicos, aprendeu muito bem a ler e escrever latim conheceu alguns manuscritos antigos especialmente os Pais da Igreja como Tertuliano, Cipriano e Eusébio, aprendeu também o grego, porém omitiu-se por completo a ler a Bíblia.


Sua ordenação para sacerdócio católico ocorreu em março de 1524, aos 28 anos de idade, provavelmente na cidade de Ultrecht que incluía toda a atual Holanda na sua jurisdição. Por sete anos (1524-31) foi designado a cura ajudante em Pingjum próximo ao seu povoado. Em 1531 foi transferido ao seu povoado onde oficiou como cura pároco até janeiro de 1536, quando declinou o seu serviço na Igreja Católica para unir-se ao pequeno grupo de devotos irmãos evangélicos sob direção de Obbe Philips, conhecidos pelo nome de Anabatistas ou Obbenitas.


O que levou Simons a romper com a Igreja Católica foi ver alguns pilares de sua fé em duvida, o dogma da transubstanciação a doutrina da miraculosa mudança do pão e do vinho no corpo e sangue do Senhor, possivelmente tenha entrado em contato com os ensinos de Martinho Lutero ou outros reformadores da época, o que levou a uma diligente investigação no Novo Testamento apesar de não significar um motivo para abandonar a autoridade da Igreja. Em 1531 Menno ouviu falar da execução em praça pública de Sicke Freerks em Leewarden por ter sido batizado novamente e isto lhe pareceu estranho porque Freerks era um homem piedoso e temente a Deus, apenas não acreditava que as Escrituras ensinavam que as crianças deviam ser batizadas.


Menno recorreu aos sacerdotes de Pingjum, os Pais da Igreja e aos reformadores para esclarecer sobre o batismo de crianças e chegou à conclusão de que todos estavam equivocados por não dar provas bíblicas e cada um seguia seu critério, outro fato importante foi em 1534 quando alguns da seita de Münster chegaram à sua cidade, “enganando muitas almas piedosas”, os enormes danos causados pelos “Münsteritas” afetou-o profundamente e decidiu entregar-se completamente para combatê-los, colocando toda sua energia na acusação pública que deles fazia seus sermões, logo conquistou a fama hábil para “calar muito bem a voz de seus inimigos”.


Com a Reforma Protestante do século XVI, os princípios bíblicos da justificação pela fé e do sacerdócio universal foram novamente colocados em foco. Contudo, enquanto Lutero, Calvino e Zwinglio mantiveram o batismo infantil e a vinculação da igreja ao Estado, os anabatistas liderados por Georg Blaurock, Conrado Grebel e Félix Manz ansiavam por uma reforma mais profunda.


Menno Simons foi um dos grandes líderes anabatistas e exercia grande influência sobre o grupo que seus adversários passaram a chamar os anabatistas de “menonitas”, porém ele não é o fundador da igreja Menonita que foi fundada em Zurique, Suíça em 1525 onze anos antes de Menno renunciar ao catolicismo. Porém existe uma razão histórica para a igreja ostentar este nome, pois afirmam que Simons foi o “guia enviado do céu que encaminhou os escassos e espalhados crentes, dando-lhes o exemplo que necessitavam em fé, espírito e doutrina”.


Em 1543 o Imperador declarou Menno Simons como fora da lei por seu trabalho de estabelecer e confortar as igrejas na Holanda. Deixou o país e deu um jeito de escapar. Em Fresenburg continuou trabalhando e escrevendo em defesa das crenças anabatistas e alguns de seus escritos chegaram às mãos das autoridades de vários países. Menno Simons morreu de morte natural em 1559.



Bibliografia


GEORGE, Timothy. Tradução: DUDUS, Gerson. FONTANA, Valéria. Nenhum fundamento: Menno Simons. In:_____. Teologia dos Reformadores. São Paulo: Vida Nova, 1993. Cap. VI, p. 251-300.

ABARCA, Rodrigo. Os anabatistas e as raízes do evangelho (2ª parte). Disponível em: www.aguasvivas.ws. Acesso em: março. 2009.

BENDER, H.S. HORSCH, John. Menno Simons: sua vida e escritos. Disponível em: www.elcristianismo.com. Acesso em: 03 março. 2009.

segunda-feira, 30 de março de 2009

O que faremos?

Aqui nos dispomos a pesquisar sobre os elementos constitutivos das transformações do campo religioso europeu, orientados pelo Prof. Jorge Nery na disciplina História do Cristianismo II.
Abordaremos em especial um dos homens que viajou pela Europa Menno Simons, converteu-se ao protestantismo em 1536.