I) Deus
Menno acreditava e confessava com as sagradas escrituras que há um só Deus, criador do céu e da terra, do mar e de tudo o que contém; um Deus a quem o céu e o céu dos céus não podem conter cujo trono é o céu e a terra o escabelo de Seus pés. Deus de deuses e Senhor de senhores, que é sobre tudo, poderoso, santo, terrível, digno de louvor e admiração; fogo consumidor; cujo reino, poder, domínio, majestade e glória são eternos e durarão para sempre. E visto que é um Espírito tão grande, temível e invisível, também é inexplicável, inconcebível, indescritível.
Neste único, eterno, onipotente, inefável, invisível, inexprimível e indescritível Deus acreditava, e confessava com as Sagradas Escrituras ser o eterno, incompreensível Pai com o seu eterno incompreensível Filho e com o seu eterno incompreensível Espírito Santo. Confessava que o Pai é verdadeiro Pai, o Filho verdadeiro Filho e o Espírito Santo verdadeiro Espírito Santo, não carnal e compreensível, mas espiritual e incompreensível, pois Cristo disse: Deus é Espírito. João disse: “Três são os que testificam no céu: o Pai, a Palavra, e o Espírito Santo; e estes três são um. como esta registrado em Mateus 28:19;Marcos 1:8; Lucas 3:8; João 14:16;15:26; 1ªCoríntios12:11. E ainda que são três, são um em divindade,vontade, poder e operação, e não podem ser separados um do outro, como sol, luz e calor; pois um não existe sem o outro.
E afirmava aos irmãos, que preferia morrer do que crer ou ensinar aos seus irmãos uma simples palavra concernente ao Pai, ao Filho ou ao Espírito Santo em desacordo com o expresso testemunho da Palavra de Deus, que tem sido tão claramente dado pela boca dos profetas, evangelistas e apóstolos.
II) Jesus Cristo
Menno sustentava a doutrina distintiva da encarnação, explicava a encarnação sob o aspecto do Cristo divino atravessando o ventre de Maria como um raio de sol atravessa um vidro, sem tomar a si a carne pecaminosa. Ele não admitia que Cristo tomou a natureza humana de Maria, pois teria sido contaminado pelo pecado adâmico, que é comum a todos os seus descendentes.
Haviam duas explicações na época para o Cristo: a primeira elevava a Maria à posição de uma deusa divina e a segunda dividia Cristo em duas partes, destruindo a unidade de sua pessoa, Menno procurou resolver o problema apontando para a origem celestial do inteiro ser de Cristo: “O Cristo Jesus inteiro, Deus e homem, homem e Deus, tem sua origem nos céus, e não na terra”. Ele tentou definir o processo de encarnação com locuções prepositivas, dizia que Jesus Cristo foi concedido em Maria por meio do Espírito Santo, mas nasceu a partir de Maria, não de Maria.
Ele acreditava e confessava que Jesus Cristo é o primeiro e Unigênito Filho de Deus, o verbo eterno e incompreensível, pelo qual todas as coisas foram criadas; o primogênito de toda criatura. Ensinava aos irmãos que a sabedoria, poder, luz, verdade, vida, o verbo Cristo Jesus, tem sido desde a eternidade com o Pai no Pai, visto que Ele é o Alfa e o Ômega. Do contrário, teria que se confessar que este unigênito, incompreensível Ser verdadeiramente divino, Cristo Jesus, que os Pais da Igreja chamam de pessoa, pelo qual o Pai Eterno fez todas as coisas, teve um princípio como toda criatura; idéia que todos os cristãos, consideram como blasfêmia, maldição terrível e abominação.
III) Espírito Santo
Menno Simons entendia que o Espírito Santo é um Espírito Santo Pessoal, real ou verdadeiro, no sentido divino, assim como o Pai é verdadeiro Pai e o Filho verdadeiro Filho; cujo Espírito Santo é (em sua natureza) incompreensível, indescritível e inexprimível, como testemunha-se a respeito do Pai e do Filho. É divino em Seus atributos, procede do Pai por meio do Filho, ainda que sempre permaneça com Deus e em Deus, e que nunca está separado em Sua natureza do Pai e do Filho.
Declara ser o Espírito Santo que guia a toda verdade, que purifica, limpa, santifica, consola, reprova, anima e assegura dando testemunho que se é filho de Deus.
IV) Bíblia
Menno considerava a autoridade da Bíblia acima de qualquer autoridade humana, ensinava aos cristãos a não dependerem de teologias que se contradizem entre si. Ele comparou as Escrituras a uma semente espiritual de onde a nova vida brota. Fazia distinção entre lei e evangelho para mostrar as várias maneiras em que a semente da palavra produz a regeneração, dizia: “Eis que, meus dignos irmãos, comparados às doutrinas, aos sacramentos e à vida que acabamos de examinar, os decretos imperiais, as bulas papais, os concílios dos eruditos, as praticas tradicionais, a filosofia humana, Orígenes, Agostinho, Lutero, Bucer, o aprisionamento, a exclusão ou o assassinato nada significam; pois é a eterna, imperecível Palavra de Deus, repito, é a eterna Palavra de Deus, e assim permanecerá para sempre”
V) Homem
Menno afirmava que o homem era pecador por natureza e devia morrer quanto a sua antiga vida através do arrependimento e não viver mais de acordo com as concupiscências da carne. Para ele o homem somente tinha um valor para Deus por meio da pregação da santa palavra que poderia transformá-lo e regenerá-lo, somente a palavra e fé em Cristo destroem toda a maldade, vaidade, ambição pecaminosa e egoísmo e os tornava crianças.
Dizia: "Eu acreditava que era cristão, mas quando me examinei cuidadosamente,
comprovei que era completamente mundano, carnal e sem a Tua Palavra; então aprendi a conhecer, assim como Paulo, a minha cegueira, nudez, imundice, natureza depravada, e que nada de bom residia na minha carne."
VI) Pecado e Salvação
Menno afirmava que assim como Adão e Eva foram contaminados e envenenados pela serpente infernal e se tornaram pecadores por natureza e ficou sujeitos a eterna perdição, todos nós, seus descendentes, somos por natureza pecadores de nascimento, envenenados pela serpente, inclinados ao mal e por nossa própria natureza inerente somos filhos do inferno. Mas que chegado a idade do discernimento aceitarmos a Cristo com uma fé real, olhando para cruz assim como os israelitas olhavam para a serpente de bronze no deserto, seria salvo.
Ele separava em dois, a saber, o pecado o original –mãe- e o pecado atual -os frutos-, afirmava que não haveria perdão e nem salvação, se não se arrependessem como ensinam as Escrituras. Para ele a salvação se dava somente através de Jesus Cristo.
VII) Igreja, Estado e Política
O conceito de Menno sobre a igreja era uma como comunidade sem mancha ou ruga, banqueteando-se na comunhão com o “maná” celeste que Jesus identificou com seu corpo, também esta relacionado ao milagre da encarnação.
Para Simons a igreja de Cristo era composta pelos eleitos de Deus, os santos e amados, que lavavam suas roupas no sangue do Cordeiro, que eram nascidos de Deus e guiados pelo Espírito de Cristo.
Menno e os anabatistas negavam a legitimidade do corpus christianum, pelo qual a igreja e a sociedade formavam uma unidade orgânica, sendo a religião envolvida pelo poder coercivo do Estado.
Afirmava que em toda a sua vida em leitura das Escrituras apostólicas jamais ouviu Cristo ou os apóstolos recorrer ao poder dos magistrados contra os que não queriam escutar sua doutrina ou obedecer a seus ensinos. Para ele a fé não poderia ser imposta a ninguém por meio de autoridades ou pela força.
Afirmou em um de seus escritos “Governantes e juízes amados, se aceitardes de todo o coração as citadas Escrituras e com toda atenção meditardes nelas, observareis que a vossa função não é exclusivamente vossa, mas que é o serviço e função de Deus, e que corresponde a vós, humilhar-se diante da sua majestade, respeitar o seu grande e adorável nome, e desempenhar eqüitativa e honestamente as vossas funções... não deveria julgar nem castigar com o vosso aço o que é reservado somente ao juízo do Altíssimo, a saber, a fé e o que é concernente a ela, como também Lutero e outros sustentaram no princípio de sua obra, mas depois de ter conseguido uma posição exaltada, o esqueceram.”
Bibliografia
GEORGE, Timothy. Tradução: DUDUS, Gerson. FONTANA, Valéria. Nenhum fundamento: Menno Simons. In:_____. Teologia dos Reformadores. São Paulo: Vida Nova, 1993. Cap. VI, p. 251-300.
BENDER, H.S. HORSCH, John. Menno Simons: sua vida e escritos. Disponível em: www.elcristianismo.com